Inspirei-me em um sermão do Padre Fábio de Melo, quando ele fala das pessoas mais ou menos. Transferi esse pensamento para os meus estudantes.
Tenho convivido ao longo desses 30 anos com estudantes maravilhosos, cheios de projetos, ideais e comprometidos com o seu sucesso e com seu futuro. Infelizmente a proporção desses outstading students vem caindo dramaticamente. Pergunto-me, qual a razão?
Entrevisto estudantes que querem entrar em Harvard, Yale, MIT, London School of Economics... “Eu pesquisei e quero ir para a melhor”, “Para mim só interessa uma Universidade da Ivy League”.
Aí eu vou avaliar esse estudante. Estudou em uma escola + ou -. Fez o ensino médio + ou -, com notas suficientes só para ser aprovado. Quando pensam em uma pós graduação, vejo que cursaram uma faculdade + ou -, passaram os anos apenas assistindo às aulas sem o menor interesse, fizeram trabalhos + ou – pesquisaram somente o que o professor pedia... Sem desafios. Nada além. Nenhuma pesquisa por conta própria, nenhum estudo complementar. Notas + ou -.
“Mas eu quero ir para o MIT”! Querido, o que você tem que pode fazer o MIT se apaixonar por você? “Eu vou pagar”! Gente, isso é mortal! No MIT e outras universidades de ponta, e caríssimas, você pode até ter a chance de estudar de graça. Mas precisa ser bom! Aliás, bom é pouco. Tem que ser o máximo. Tem que ser +++
Outro dia fiz uma palestra para uns estudantes de bacharelado em administração e iniciei a apresentação passando um vídeo, em inglês, de uma instituição suíça com a qual trabalho. Quando terminou o vídeo perguntei: Gostaram? Ninguém respondeu. Entenderam? 99% responderam que não. Não tinham o menor conhecimento da língua inglesa. Mas não me choquei! Tem sido normal ultimamente. O mesmo já aconteceu em palestras que fiz para estudantes de turismo, relações internacionais, gastronomia, economia...
Centenas de estudantes me procuram, tem sonhos de estudar no exterior mas sem o menor preparo. Fazer um curso superior no exterior, quer seja em nível de bacharelado, pós graduação, mestrado, requer muito planejamento. Esse planejamento deve ser iniciado ainda no ensino médio. As universidades estrangeiras buscam alunos que tiveram boas notas mas não só isso. Quanto ao idioma nem vou falar porque hoje em dia, falar inglês, não é vantagem. Quando digo “falar” não é “eu me viro” “mórólés”. É ter conhecimento profundo, ter atingido um score elevado em testes oficiais como TOEFL, IELTS, etc. É ter condições de ler livros e artigos em revistas estrangeiras, de participar de conferências internacionais, conversar em alto nível com professores, tutores, traçar as linhas inicias de uma tese que pretende desenvolver. Se tiver conhecimento de mais de um idioma, então, pesa muito.
As universidades estrangeiras estão em busca de talentos, de pessoas flexíveis, capazes de conviver com as mais diversas culturas, pessoas eficientes, capazes de desempenhar outras atividades como fazer um esporte, tocar um instrumento, fazer trabalhos voluntários, prestar serviços à comunidade. Pessoas destemidas, confiantes. O sonho é muito importante mas se não tiver motivação para sustenta-lo não vai se tornar realidade.
Só porque a situação não é das melhores não tenha o ímpeto de ir embora sem um plano para colocar em prática. Tive um estudante que foi para New York fazer uma especialização em oftalmologia e acabou passando 4 anos por lá. Juntou-se a uma fantástica equipe médica em um dos maiores hospitais de olhos dos EUA. Aprendeu, praticou muito, estudou muito, publicou artigos. Fez o melhor que pode. E voltou. A justificativa era que agora estava na hora de trazer para o Brasil o que havia aprendido. Trabalhar para os que precisavam de seus serviços médicos e ensinar a outros o que ele aprendera. Achei lindo! Exemplos como esse transformam o mundo.
A perfeição é um objetivo que pode ser superado. O esforço de melhorar a própria vida pode fazer muito por você e pelo nosso país. Tenha metas ambiciosas, esforce-se ao máximo, junte-se a pessoas inteligentes e invista no conhecimento. Trabalhe para causar um impacto positivo na sociedade. E apague, de vez, da sua vida, o termo + ou -.
Também quero estudar fora